sexta-feira, 29 de abril de 2011

Precisa-se de um Amigo

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.
Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.
                                                                                                       Vinícius de Moraes

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Pipoca estourada ou piruá?

A transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação por que devem passar os homens. O milho de pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro. O milho somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer. Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho para sempre. Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. 
Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de uma mesmice, uma dureza assombrosas. Só elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser. Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos - Dor. Pode ser o fogo de fora: perder um amor, um filho, um amigo ou o emprego. Pode ser o fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão, doenças e sofrimentos cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso do remédio, uma maneira de apagar o fogo. Sem fogo, o sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação. Imagino que a pipoca dentro da panela, ficando cada vez mais quente, pensa que a sua hora chegou: vai morrer. Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não consegue imaginar destino diferente. 
Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: BUM! E ela aparece completamente diferente, como nunca havia sonhado. Piruá é o milho que se recusa a estourar. São aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. A sua presunção e o medo são a dura casca que não estoura. O destino delas é triste. Ficarão duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca e macia. Não vão dar alegria para ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo. 
E você, o que é? Uma pipoca estourada ou um piruá?

Rubem Alves

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Eu quero apenas

Eu quero apenas olhar os campos,
Eu quero apenas cantar meu canto,
Eu só não quero cantar sozinho
Eu quero um coro de passarinho.
Quero levar o meu canto amigo,
A qualquer amigo que precisar.
Eu quero ter um milhão de amigos 
E bem mais forte poder cantar!

É!

É!
A gente quer valer o nosso amor
A gente quer valer nosso suor
A gente quer valer o nosso humor
A gente quer do bom e do melhor...
A gente quer carinho e atenção
A gente quer calor no coração
A gente quer suar, mas de prazer
A gente quer é ter muita saúde
A gente quer viver a liberdade
A gente quer viver felicidade...
É!
A gente não tem cara de panaca
A gente não tem jeito de babaca
A gente não está
Com a bunda exposta na janela
Prá passar a mão nela...
É!
A gente quer viver pleno direito
A gente quer viver todo respeito
A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
A gente quer viver uma nação...
É! É! É! É! É! É! É!...

Composição: Gonzaguinha

Tudodevora

 
Faltam palavras, falta tempo.
Falta a paciência de esperar,
Esperar contra toda esperança.
Mas cadê você? 
Onde andam seus olhos?
Chegue rápido, meu bem.
Voe, que o tempo devora-me.
Corra, pois falta você.
Corra, pois falta-me tudo.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

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Emos, católicos, espíritas, protestantes, hippies, ateus, classe média, classe alta, pobres, ricos, marginalizados, rockeiros, pagodeiros, forrozeiros e há até uns poucos que gostam de MPB. Gostam de Coca-Cola, estão de olho na moda, na TV.
Internet, MSN, Orkut, Twitter, Formspring, já fazem parte do cotidiano de muitos deles.
Leem coisas diferentes, estudam, trabalham ou não. Há uns mais tímidos, outros mais explosivos. Uns são dinamite pura! Falam o que pensam, fazem o que querem. Outros nunca levantam a voz. Gostam de novelas, séries, filmes. Gostam de All Star e listras. Uns costumam “ficar sério”, mas eu nunca entendi isso. Vestibular e ENEM são verdadeiros tormentos para eles. Gostam de Maria Gadu, Harry Potter, Crepúsculo, bandas internacionais, sabem tudo da vida de seus ídolos. Têm suas formas de interpretar a vida.
Suas essências!
São milhões de jovens, milhões de cabeças pensando e agindo diferente.
Sentem um vazio que não sabem explicar, falam de liberdade, querem passar na faculdade, mas tudo  que eles querem é alguém legal pra andar de mãos dadas...
Eles precisam apenas de
Amor.
Somente.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Deixa o mundo ver!

Você desfoca, sai do tom, se perde e não vê que a confusão começa dentro de você. Disfarça, acha graça, desmonta e sorri. Não aguenta o peso dessa máscara que esconde... Você carrega o mundo e não vê que ser feliz é viver o presente e deixar fluir o que sente e não se importar com que os outros pensam que você é... Quem é você? Você que é tão sensata, tão cheia de si, sempre fazendo festa e se sentindo tão só. Você que sempre agrada e sem perceber insiste em seguir um caminho que não é você! Sai do quarto, passa da porta e vai... Deixa o mundo ver... Sai do quarto passa da porta e vai. Quem sabe você entrega pro mundo e vê que ser feliz é viver o presente e deixar fluir o que sente e não se importar com que os outros pensam que você é. Quem é você? Deixa o mundo ver! 

Trecho de "Você" - Composição: As Chicas

sexta-feira, 8 de abril de 2011

E de repente seus olhos fecharam-se

Karine Lorrayne Chagas de Oliveira, 14 anos
Rafael Pereira da Silva, 14 anos
Milena dos Santos Nascimento, 14 anos
Mariana Rocha de Souza, 12 anos
Larissa dos Santos Atanázio
Bianca Rocha Tavares, 13 anos
Luiza Paula da Silveira, 14 anos
Laryssa Silva Martins, 13 anos
Ana Carolina Pacheco da Silva, 13 anos
Igor Morais da Silva, 14 anos
Géssica Guedes Pereira, 13 anos
Samira Pires Ribeiro, 13 anos

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Texto das 12 horas

Tudo que vejo não é bem aquilo que pensava, ou seria o contrário? Na verdade isso não começou hoje, faz um tempo. Talvez seja bom, não vejo nada de ruim nisso. As coisas simplesmente vão se distorcendo, aos poucos, e quando percebo já estou em outro lugar. Talvez aconteça com todos, ou não. O tempo passa e devora-me. Impossível retardá-lo. Se possível fosse, faria isso enquanto te observo. Tua imagem vai se distorcendo em meio a multidão, viro o olhar e quando observo novamente compreendo apenas um borrão, uma junção de cores que formam uma estranha imagem, apenas um colorido. Quando olho pra tudo isso, cria-se a confusão. O remédio resume-se em voltar para casa, escutar uma boa música e concluir que tudo fora apenas uma ilusão.

CFA

"Odeio a palavra gay.  Mas ela existe, rapaz. E não é só uma palavra. É mais grave, um comportamento, um feeling."  




Nosso Favo de Mel

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Kamillo Karol.

Pense num cara muito, muito massa. Mas tem que ser muito massa mesmo! Pensou? Pois é, eu conheço um assim, rsrs. Na verdade conheci faz uns cinco anos. Na época eu não imaginava que ele seria uma das pessoas que eu sentiria mais falta. Mas ele não morreu, ok? Apenas está um pouco distante geograficamente.
Interessante recordar de suas aulas de História, de suas músicas do Chico e Caetano, seus pensamentos e principalmente da charge do Stálin (ou seria do Getúlio?) falando sobre Populismo. Bom, não sei se ele lembra da charge (que por sinal fiz um comentário muito engraçado sobre ela e acabamos rindo da minha observação, rsrs), mas toda vez que a vejo eu riu muito (nem sei se o verbo rir é conjugável, enfim...).
Depois que fui estudar fora de Pacas (Pacatuba), raramente o vejo, só algumas poucas vezes, quase um milagre. Certa vez o encontrei pelo IFCE, estava num babado lá que nem sei o que era... mas foi show revê-lo, foi a mesma doçura de sempre, o amigo de sempre. 
Sinto falta dele, das conversas, da cumplicidade, das suas cantorias de MPB (é, meu povo, ele canta muito e toca violão também!), suas provas, seu abraço. Um sorriso contagiante, cheio de amizade. Venha o que vier, venha quem vier, ele é realmente insubstituível. As aulas naquele calorzinho maravilhosamente insuportável valiam muito a pena, valeram! Depois de tê-lo feito, Deus jogou a fôrma fora, porque professor como ele, não há (pelo menos eu ainda não vi). Ele sempre dizia que eu seria alguém, que eu tinha um grande potencial. Sempre acreditou em mim. Saudades, meu amigo. E como o próprio costuma dizer: "Um forte abraço!"

Amanda Grazielle

sábado, 2 de abril de 2011

Hum..berto!

Blog? Todo mundo tem... e a ideia de ter um não fugia da minha cabeça. Então, eis aqui meu blog! :) 
E se é pra fazer o primeiro post, nada mais justo do que escrever um pouco sobre alguém que eu admiro incondicionalmente:  Humberto Gessinger. Ele é o moço da foto aí acima, nasceu por volta dos anos 60. Descendente de alemães e italianos, Humberto cursou arquitetura na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Mas sua história prometia algo muito além dos muros da faculdade. Formou a  banda Engenheiros do Hawaii, ícone do Pop Rock nacional nos anos 80. Em 1986  gravou  "Longe Demais das Capitais", seu 1° disco dos dezoito então lançados. 
A banda começou com Gessinger (vocal e  guitarra), Maltz (baterista) e Marcelo Pitz  (baixista). Pitz saiu, Gessinger assumiu o baixo e Augusto Licks entrou como guitarrista. O trio durou até 1994 e a partir daí Humberto seguiu seu rumo sem Licks e Maltz e continuou com a banda até 2008 (com outros músicos, é claro). Em 2008, Enghaw deu uma pausa, mas quem pensava que esse loiro ia ficar parado, se enganou! 
Humberto formou no mesmo ano, um duo com Duca Leindecker: Pouca Vogal. Gravaram dois cd's, com composições de Enghaw e Cidadão Quem (banda gaúcha que Duca fazia parte até 2008, fabulosos também!). Atualmente Pouca Vogal está na ativa, conquistando os fãs por esse Brasil afora. Seja em Engenheiros, seja em Pouca Vogal, Humberto é Humberto! Suas canções são impregnadas  de sentimentos  e emoções, suas melodias e ritmos  demonstram uma imensa versatilidade e originalidade nunca antes vista. Gessinger além de arquiteto, músico, cantor, compositor, é também escritor. Já lançou dois livros, sendo que nesse mês de março, lançou seu terceiro: "Mapas do Acaso- 45 variações Sobre um Mesmo Tema", mais uma obra fantástica desse verdadeiro poeta. 
Nota-se uma diversidade de temáticas em suas composições: fala de desigualdade,  juventude, amor, violência, abordagens políticas e sociais que mostram aí um artista completo e antenado, preocupado não em gravar milhões de cds e ganhar  dinheiro em cima de composições chulas, mas, em passar uma mensagem de conteúdo  para seus fãs, compor canções  que mostrem sua identidade, tentando a cada acorde passar ao máximo a experiência desses anos, fruto da emoção contida em seu coração. Com seu talento, Humberto desmistificou esses estereótipos de que Rock é sinônimo de alienação/rebeldia. 

 Leindecker e Gessinger - Pouca Vogal
Enghaw: 18 cd's lançados *-*

A 'parabólica'
- Licks, Gessinger, Maltz -